Por enquanto
Quando
Então
Sentada na cama de casal
Lembro que nela te perdes de
Beijos
Estou sem ar
No ar mexo as mãos
Olhos
Força nos ombros no nariz;
A garganta solapa; via
Estreita,
Nossa conversa amena;
Nossa amizade;
Até o previsto e casto
Adeus;
O tempo se poupa;
Nos economiza;
E teu ouvido
Mouco;
E o troco;
E enquanto isso,
Fora,
O real constrói o poema,
Imbatível.
Sabe aqueles textos que descrevem exatamente o que você está sentindo (ou já sentiu), mas, ao mesmo tempo, é perfeito para sua melhor amiga e tem a ver com sua mãe também? Então. Assim são os poemas de Ana Cristina Cesar – uma poetisa carioca representante da chamada ‘poesia marginal’, crescente na década de 70. Verve curte muito o livro dela chamado Antigos e Soltos – poemas e prosas da pasta rosa.
Em clima nostálgico, a constatação: já não se enviam tantas cartas e não se guardam longamente os primeiros rascunhos de um poema. Para reproduzir visualmente este ato quase mágico, Viviana Bossi – organizadora da edição – resolveu levar adiante o projeto de publicar uma coleção de fac-símiles encontrados (e guardados com carinho) pela mãe de Ana Cristina Cesar com poemas inéditos da moça. Presente para a gente.
Viviana descreve os textos de Ana como uma “apreensão impossível da vida enquanto acontece, antes da ‘emoção recolhida na tranquilidade’, aproximando ao máximo a experiência e sua expressão.” A Verve descreve como tem-que-ler!