Ela começa o papo com Verve e logo faz um statement: “Faço desenhos e não ilustrações”. A diferença é que o segundo está a serviço de um texto e o primeiro é livre, o que não significa que não possa ser inspirado em um texto.
Ana Teixeira como a maioria dos artistas contemporâneos já percorreu várias linguagens. Tudo em função do conceito da obra – que passa a ser mais importante do que a estética depois dos questionamentos de Duchamp. “Hoje a mídia está a serviço da ideia…as vezes preciso mandar alguém quebrar um mármore, por exemplo, e isso não significa que a obra não seja minha. O papel do artista é concretizar visualmente (ou não) um conceito.”
Elea caminhou pelas ruas do mundo oferecendo novas identidades com frases como Não sei de mim; Ainda tenho tempo; Falo mentiras; Tenho sonhos; Amo e não basta. Quase foi presa. Na Alemanha, sentou na rua e começou a tricotar com uma placa ao lado dizendo que estava ali para escutar histórias de amor. E fez um curta, exposto da conceituada Galeria Vermelho, a partir da ação Troco sonhos: ela escutava o sonho das pessoas e oferecia o doce português.
Ela também já fez objetos e fotografa. Anda por aí com um caderninho na mão para anotar idéias e frases que podem render uma nova obra. Agora, garante que passa por uma em uma fase mais intimista centrada em seus desenhos no ateliê.
A série Nós os vivos, foi inspirada no filme Vocês, os Vivos, do sueco Roy Andersson e os desenhos da coleção Dormentes, feita a partir de fotografias que ela tirava de pessoas dormindo nas ruas da Europa, encanta justamente por ter um olhar delicado compondo desenho e vazio, que para a artista pode dizer mais do que o traço em sim. Uma poética delicada que faz pensar.
Ana expõe até o final de janeiro Não mais, mas ainda na Galeria Baró.
Não perca!