Meu amor não posso esquecer; Se dá alegria faz também sofrer; A minha vida foi sempre assim, Só chorando as mágoas que não têm fim – Marina de La Riva canta de Carmen Miranda a Ernesto Lecuona e concorda com o cineasta Federico Fellini quando define a arte como autobiográfica. “A vida me inspira, literalmente. A legitimidade do artista é ser sua estória, nem que seja alguma da qual ele se apropriou por afinidade.”
Charmosa e talentosa, Marina nasceu em uma família cheia de estória e música. A mãe é pianista. O pai, tenor (voz mais aguda da ópera), é cubano e precisou fugir quando a revolução estourou. Ela conta que visitou o país muitas vezes e sofre quando vê as dificuldades dos amigos e das famílias apartadas, como a dela. Diz, no entanto, que herdou o melhor de Cuba: o sangue e a música.
Canta desde criança, mas demorou a assumir as notas que corriam em sua veia. Formou-se em Direito, estudou canto lírico e participoude um grupo de rock. Finalmente, Cuba e a bossa nova soltaram sua voz simplesmente por fazer parte de sua vida – como deduziria Fellini. “Em casa ouvíamos canções cubanas como forma de estancar uma dor.”Depois do sucesso de seu primeiro disco em 2007, Marina acaba de lançar seu primeiro DVD em clima de ”filme noir em jazzy”.
No palco, ela aposta em um repertório melancólico mixado a músicas alegres. Acredita na importância da sensibilidade do público para sentir cada momento. “Um show é um grande trapézio, tudo pode acontecer, mas é preciso ter segurança para voar e a arte poder desabrochar. E o público tem a função primordial de alimentar o artista”.
Verve adora Marina no palco. E você?